quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

HIROSHIMA



Do pó que restou dos nós por ti desatados
Colho os cristais partidos do sal que secou

Pobre menina... O corpo magro, os olhos profundos e no sorriso, o mundo.
... Caminhava louca e nua por entre os espinhos do jardim sem se dar conta das fendas que se abriam sob seus pés. Inocente, olhar grudado no horizonte não se apercebia do que a sua volta, apodrecia. Linda menina inocente e louca e nua que bradava sua alegria. Castelos de areia em torres de marfim... Dores sem fim... Em mim
 Corria e ria e colhia as flores invisíveis de um canteiro encantado que ela desenhou com nanquim.
Menina boba! Olha a tua volta!
Lá ia ela...doce,a alma pelo avesso e girassóis no cabelo...
Será que não via, não sabia? Não lia a menina, as letras tortas escondidas nas palavras mortas que aos pés lhe jogavam?
Cantava e dançava e pulava as poças como se o paraíso existisse, como se o mundo dela fosse... Como se o eterno morasse num dia e o sol andasse a brincar pelo céu com a chuva.
Abria os braços em asas e voava... Acreditava...
Que insana menina girando em seu carrossel dourado com sons de caleidoscópio. Que linda menina em tapetes de pétalas macias por sobre os cacos...
    Triste menina a vagar, presa solitária do delírio infame... Impróprio... Nua, sussurrando em trapos a sua loucura. 




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