segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SUDÁRIO




Em nenhum lugar estou,
nada de mim se imprime.
Não há sons ou gestos que se demorem.
Transparente perpasso como brisa fugidia,
que antes de chegar,já se foi.
Não há cheiros, nem toques, nem lembranças.
Entro e saio como fantasma ausente de seus entes amedrontados.

Foto

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DESEJO



Mergulho no mar quente do teu suor e ardo
Tremo febril ante o toque do teu corpo
Derreto á pele em brasa, ao banho doce da tua língua.
Busco tua boca, tuas mãos, teus pelos.
Entras por minha alma me rasgando a
carne sedenta.
Prendo-lhe em minhas coxas, no arco insano do meu gozo.
Surdos sons me invadem, teus olhos me engolem.
Te sugo,teus braços,os meus,dois corpos, um só,mais perto,gemes,
me puxas,dentro,dentro,dentro...queima,lava,explode em cores de luzes sem fim.
...
Estou vasta, livre, entregue, para sempre em mim.

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domingo, 21 de outubro de 2012

ARRENEGO



Teu silvo agudo, de novo me grita,
talvez se eu dormisse tu,
por fim, desaparecesses.
Se eu fechasse os olhos, não muito, só um pouco,
eu conseguisse me mexer.
Minhas asas se encolhem,
derretem á podridão do teu escárnio.
Há mel nos meus dedos que tua língua corta
no fundo espesso da minha alma triste, torta.
Queria dormir, me abraçar à brasa escarnada do corpo morto
que já foi meu,passear novamente nas ruas de sol daquela cidade,lembra?
Tuas garras se aprontam,brilham no vento frio da casa vazia
Gritas teu canto sujo de suores  de dores que não são tuas
Lambes com sal a ferida que me jorra
Me escondo,me fecho em conchas ,
Me encontras,me tocas,me arrastas à luz que me cega
Sorris tranquilo ao mar que me escorre
Algo de morte me invade, me acalma, me leva, eu durmo.