Teu silvo agudo, de novo me grita,
talvez se eu dormisse tu,
por fim, desaparecesses.
Se eu fechasse os olhos, não muito, só um pouco,
eu conseguisse me mexer.
Minhas asas se encolhem,
derretem á podridão do teu escárnio.
Há mel nos meus dedos que tua língua corta
no fundo espesso da minha alma triste, torta.
Queria dormir, me abraçar à brasa escarnada do corpo morto
que já foi meu,passear novamente nas ruas de sol daquela
cidade,lembra?
Tuas garras se aprontam,brilham no vento frio da casa vazia
Gritas teu canto sujo de suores de dores que não são tuas
Lambes com sal a ferida que me jorra
Me escondo,me fecho em conchas ,
Me encontras,me tocas,me arrastas à luz que me cega
Sorris tranquilo ao mar que me escorre
Algo de morte me invade, me acalma, me leva, eu durmo.