domingo, 31 de março de 2013

VENTO




Quero um amor vagabundo

De gozos e risadas e suores e calçadas

Quero um amor de labirintos e ângulos

De praças e luas e danças

Um amor que me roube a fome e o sono

Que me gire as pernas,os pelos,os segredos

Quero um amor de páginas em branco e letras sem forma


RASANTE



Do alto da montanha mais íngreme,salto
Me lanço sem redes ao céu,livre
O vento,os pequeninos pontos que me apontam,
Nada me prende a mim ou a coisa alguma
Braços abertos ao que não sei
Grossos pingos  de chuva
matam minha sede,encharcam meu ventre
Deslizo louca em tobogãs de ar
Mergulho profundo num mar de sol.
Sugo,com fome,tua língua,tua palavra aberta.
Me embriago de mim.
 

DESEJO



Deixa o peso do teu corpo escorrer por sobre o meu
Desenha minhas linhas tortas com teus dedos macios
Com tua língua quente,me lave o cansaço
Me recolha no teu colo doce,me conte tua história
Dentro de mim,me aperte,me rasgue
Me beije em silencio,dance comigo

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AGRAVO



Se tintas eu tivesse,lixas,espátulas,verniz e pincéis
Me punha a reformar a alma. 
Rasparia as camadas tristes que já não me servem mais
Cores de diamante enfeitariam o teto e nas paredes salpicaria o sol
Do chão,arranhado e já sem cor,somente o mar lambendo a areia na praia
Jogaria a velha cama de histórias antigas,pela janela,
 no lugar, enfeitaria de lua uma nuvem quente e macia
De verniz de estrelas de dia,cobriria as portas que estariam sempre abertas para o vento
Se tintas,lixas,espátulas,verniz e pincéis eu tivesse
me desenhava para sempre menina,num arco –iris sem fim.