Pensava
em corpos e caminhos, em olhos e bocas, em janelas e portas de sonhos e
desejos.
Pensava
nos cheiros dos quartos e nos barulhos das casas, o chuveiro, as toalhas, as
cozinhas bagunçadas.
Estantes
de madeira e tijolos, redes, uma colcha de retalhos, as samambaias, discos do Chico,
Mercedes Sosa, Bob Dylan, Milton e Caetano. Tudo disposto com desordenada ordem.
Cenários que se reproduziam nos ângulos do chão de Parquet.
Pensava
nas vozes e no que me diziam, pensava em passagens.
Lambuzei-me
como quem brinca com picolé ao sol, usei-os como quem devora bibliotecas, vasculhei
bolsos, armários e carteiras ,não como se atrás da prova inconteste estivesse, mas
como quem desenha universos, tece histórias, cria vidas, junta pedaços.
Todos
e um só, todos e nenhum, massa de lembranças trituradas, camadas minhas de rizomas
turvos e saudades agudas.