segunda-feira, 30 de julho de 2012
sexta-feira, 13 de julho de 2012
EU TE AMO
Eu
te amo.
Te
amo a hipótese e
A
confirmação.
Te
amo o sim,o talvez e
Certamente
o não
Te
amo quando estás e
Quando
me largas
Com
palavras bonitas e
nenhuma
explicação
Te
amo o que me lembro e
O
que de ti invento
Te
amo o que sei e
O
que sequer imaginei
Te
amo agora
Como
sempre te amei
Amanhã...
Amanhã
te mato.
HOJE É DIA DE ROCK
Quem
sabe num acorde distorcido, daqueles que cortam o tempo e arremessam tempestades,
a maldição se despedace e nos milhares de pedaços do espelho partido no meio da
sala, surjam gotas de estrelas deslocando luzes azuis de purpurinas cor de
prata.
Quem
sabe das palhetas do sintetizador, sons de vermelho profundo lavem o sangue parado,
seco, colado às imagens das lembranças turvas.
Quem
sabe das pontas agudas das baquetas mágicas, sopros de fadas etéreas desenhem
cheiros de jardins e sóis aos pés ágeis de crianças traquinas.
Quem
sabe da voz rouca rasgada, que engole o fim em encantos de eternos começos,serpentes de mel e manjar agradem aos
deuses em suas danças de úteros e enormes portas se abram parindo ventos de
mornos em colos macios de silêncios de plumas em murmúrios de ninar
Quem
sabe em gritos de povos em êxtase se faça o mundo em mais de um e pontes
doiradas de caramelos de línguas derramem cores de mãos dadas em fios de sedas de guizos de gozos de ares
de flores de canteiros de vida em comum.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
“A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata.” Virginia Woolf
Pois
não é então a vida o que quero, quero, pois sim o sonho de não precisar acordar,
quero o sonho que muda metade em todo que se pode alcançar, que deixa
fosforescentes as luzes que rodeiam e brilham na alma que constrói e cria. Quero
páginas esculpidas em letras de cores de aquarela e nanquim que contem histórias
de caminhos feitos em dias de sol que arde o sorriso que se dá para o espanto.
Não
é a vida então o que quero, quero, pois sim o que guarda a minha lembrança que
sonhava livre a correr descampados e pisar em brasas de vento fresco de braços
abertos ao fogo das flores de Abril que cantavam a minha hora ,quero os castelos
que no quarto sozinha montava e todos os príncipes que amei em cavalos brancos
de longínquas léguas que as entranhas deixei. Quero, pois sim as terras que
sonhando visitava e as calçadas de pedrinhas de brilhantes da rua que era minha
na infância que dei.
domingo, 8 de julho de 2012
O TREM E AS HORAS
O
dia clareia na janela, a manhã recoberta de nadas se anuncia
Os
passos, iguais aos do dia anterior, se repetem automaticamente,
Tudo
na mesma milimétrica ordem vai se sobrepondo as horas infinitas.
Uma
nuvem densa e cinza encobre o sol que esparramado, endurece as roupas no varal,
Um
cachorro dormindo,alheio ao mundo que o cerca,levanta o olhar a procura do
calor que agora não há.
Do
fogão, as borbulhas do almoço, se levantam com o vento.
Não
há poesia na vida, nem doces feitos, só as coisas dispostas sem respostas a
nossa frente.
A
água lava em sustos, os restos do prato bem feito que até bem pouco era possibilidade,
Na
casa em silêncio, os barulhos ensurdecem a alma, as paredes, rachadas como as
fissuras do rosto cansado, também desistem aos poucos.
Um
carro anuncia no auto falante o preço baixo do colchão e a morte do dono da
sapataria
A
tarde avança mudando as cores do dia;
no
relógio quebrado pendurado na divisória da cozinha, as horas nunca se movem, como
a me lembrar que não há tampas nesta caixa.
O
cheiro da lenha estalando no fogo inunda o ar com lembranças que nunca
existiram
Lá
fora, a noite de escuros e estrelas, engole o dia sem que se perceba.
O
frio entra pelas frestas da madeira com sua cantiga de esquecimentos e sombras
Melhor
não ter vindo, eu penso de mim,
nada
teria se modificado.
Não
há piedade ou tristeza só a constatação.
Melhor
não ter ficado, penso novamente,
o
que de mim veio,viria de outro jeito,
não
nasci quem verte, nem vertente quis ser.
Melhor
seria se tivesse saído enquanto caminho havia, agora não há mais o que fazer.
No
teto do quarto de cores apagadas, por hoje a vida finda,
parte,
mesmo ficando a minha revelia.
Um
uivo corta a madrugada na mata que cercava a cidade e aquele que um dia foi, se
levanta a procurar o que deixou quando partiu.
Nada
mais há por lá,
nada
mais há em lugar algum,
só
as horas que não passam, infinitas que ficaram e a morte
que
adia sua estrada a se distrair em curvas que nunca se bastam.
Estou
e não irei, ao mesmo tempo em que longe, o trem apita a sua partida e o
maquinista grita.
O
balançar compassado e os calores do vapor põem em movimento o que não se pode
mover.
Atravessa
os campos cobertos pela nevoa que mansa encharca o solo.
Corre
a encontrar seu destino no ponto em que saiu.
Também ele agora é infinito.
Não
há mais trem,nem horas.
Os
dormentes, por entre matos e ervas daninhas,
apodrecem
nos cantos vazios
e
na janela o dia clareia na manhã recoberta de nadas que se anuncia.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Cidade Pequenina
Uma cidade pequenina
é sempre sonho de adulto que revisita a sua lembrança.
As ruas cheias
de árvores, o namoro atrás da igreja, o coreto, a pracinha.
Brincadeira na rua,
conversa mansa na calçada, banho de rio, fruta no pé.
O lanche da tarde,
bolinho de chuva, milho cozido, pão quente e café,
tudo sempre
correndo,porque infância não sabe
esperar.
A menina de trança,
de mãos dadas, esperança
da vida ser
sempre assim como é.
Mas um dia você
cresce e a cidade pequenina,
bola de meia e
andança,
desaparece.
domingo, 1 de julho de 2012
MEU OLHO
Reconheço
em contornos o que vejo
Desenho
em formas íntimas de memórias distantes
Traços
meus em outros espaços
Despojos
de tempos em pedaços apagados
Reconheço
em contornos as linhas que limitam
riscos
que descem de estranhas frestas
em
sonolências indistintas
Histórias
de mim que não sou eu
Imagens
perdidas de mudanças apressadas
Reconheço
em contornos o que busco
Partes
arrancadas em assassínio
Pequenos
cortes do quebra cabeças por fazer
Terra
aberta em abismos de sustos
Reconheço
em contornos o que está
Metades
que escorrem em veios de escuro
Zimbro
de lágrimas tintas que se deitam a nenhuma coisa
Convexos
profundos de universos que sugam
a
vida que não há.
Assinar:
Postagens (Atom)