quinta-feira, 26 de setembro de 2013

LAR



Gosto das coxas a mostra,
do vento doce do mar nos cabelos
Da pele morena e salgada
 do olhar que desnuda e queima as curvas

Gosto do fogo brando que incensa o ar
 com os aromas do desejo
da mão abusada que gentil e forte
rasga o caminho

Gosto dos gemidos e sussurros
que não respeitam os cômodos
Gosto do suor,da areia
do ar que escapa,que falta
do que pulsa dentro de mim
com urgência e calma

Gosto do que mete,
mexe ,
do que nunca termina
e acaba em segundos
do que monta e é montado

Gosto da mesa posta,
do sorriso escondido no canto da boca
do olhar perdido
do céu estrelado
e do sono profundo.


domingo, 22 de setembro de 2013

PRIMAVERA

Minhas esperanças são cansadas
como cansados são meus passos
pelos labirintos do tempo que avança
tal e qual as gotas da torneira quebrada
que embalam meu sonho
torpe de olhares cínicos

Meu verbo é amargo
como a lamina guardada ao relento
cuja luta partida foi perdida em desalento
ao caldo grosso da ferrugem da língua

Nos doces arredores dos jardins
que em cores se descortinam
revejo os gritos mudos do meu canto inocente
que de novo se perde
na bruma densa do desejo
que engole em fúria a razão

Dança guerreiro indômito
ao vento sagrado da roda que rasga
à janelas e portas escancaradas
Brada teu negro véu que de perfumes
encanta a podridão das cidades marcadas
pela dor dos insultos ao teu povo

Goza na cara da história de ritmos lentos
Invade com a sanha do justo a carne morta
Da gente que se ri da tua força
Mostra-me por entre os dedos
A lágrima contida das correntes arrancadas.