quarta-feira, 9 de abril de 2014

Segredo de Menina





Outro dia descendo a rua Direita,
Passos firmes,certeira
Me veio a lembrança
Meus tempos de menina arteira
Olhando meus pés
Agora tão comportados
Revi as topadas
A gritaria da criançada 
E as traves tortas do campinho
da Rua da Mata Fechada
Pulávamos o muro da casa amarela
Eu,Dico,Carlão e Remela
Ás vezes vinha também
o Metideza ,que ganhou esse apelido
por pensar que era Heleno,
Rei da bola e da beleza.
Logo que eu chegava,
estava armada a confusão
“-menina aqui num joga não!”
E lá ia todo mundo embolado pro chão
voava bifa,pernada e pescoção
depois, tapinha nas costas e aperto de mão
era a hora da bola,da tática e do pulmão
Aí eu era mais eu,com a pelota rolando,
não tinha pra ninguém,irmão!
Quando ao meio dia o 
Sino da igreja gritava,
fim da brincadeira
fosse qual fosse o tempo
o juiz apitava.
Começava o corre-corre
Pula no rio,
não molha o cabelo,
veste o uniforme,
não esquece o sapato
tudo nos conformes
“-O portão vai fechar!!!!”
Sobe a ladeira,
vira a esquerda,corta caminho
“- não vai dar!”
Desabalada entra na fila
“-cuidado,menina,não derruba a carteira!”
Tarde demais,já tinha feito a besteira
A turma ria e eu? De novo na secretaria
Mas naquele dia enquanto entreouvia
mais um sermão
eu só pensava na bola
pousando na ponta do meu dedão
dribla o primeiro,
cai pra direita,
mando um chapéu,
mato no peito
miro o goleiro
e de canhota
entre as duas traves tortas
explode na rede a minha alegria!
Muito solene como convinha
a agora Rainha da Artilharia
lancei a pergunta como quem manda um rojão:
“- Como é que é valentão? E aí, menina não joga aqui não?”





Poema Pagão nº 1




Prefiro quando faço graça

Quando dou risada


Quando escrevo sobre nada


Não gosto das dores profundas 

 
Dos pesos exagerados

 
Vai ver porque sou velha

 
Acho-os todos muito chatos

 
Pra que tanta lágrima?

 
Tanta pergunta?

 
Toca o barco

 
Segue em frente

 
Ou a vida,tal qual uma bigorna que despenca

 
BUM!!! Te afunda!