segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

RETAS



Não,não há
Finjo,me invento
Estampo o sonho falso nos lábios e te sugo
Não choro,nem rio
Só o pó me desprende
Na canção incompleta do meu silencio
Te deito ao meu lado e te levo aonde o nada encanta
A palavra certa,a hora marcada
Sem sair do lugar
Pelo espelho te vejo me olhar
Tudo passa
Em mim nada fica
Volto ao começo um dia por vez
Enlouqueço
te aqueço
me esqueço
sigo.


domingo, 29 de dezembro de 2013

RESPOSTA



Não sei quem sou.
ruas
Não sei como é.
esquinas
Só sigo,
pé ante pé
na linha fina da manhã do meu quintal.


sábado, 28 de dezembro de 2013

PONTE

Se eu pudesse escolher,
 me esconderia no teu colo
 Deixaria que teus braços me fizessem desaparecer
 Quieta,refém do teu suspiro
 deixaria que aos poucos tua boca quente me percorresse o corpo
 que tuas mãos me apertassem a carne
 e que teus olhos arrancassem as vestes que escondem minha alma 
Se eu pudesse escolher,
 encaixaria o teu corpo no meu
 sentiria devagar teu calor me invadindo
 Quieta,refém do teu gozo
 com minhas pernas te puxaria para dentro
 para perto 
para tão fundo que te perderias em mim
 te afogarias louco nas minhas entranhas torpes
 Se eu pudesse escolher 
beberia cada gota tua
 me embriagaria 
Se eu pudesse escolher
 deixaria que me deitasses frágil 
que me levasses dócil
 que me calasses mansa
 Se eu pudesse escolher
 hoje,eu me deixaria partir



sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

ECO



Pobre criança perdida entre o escárnio e o desejo de não ser
Ridícula alma que vaga de mãos estendidas
Teu porto é o inferno
Tua cama,o lixo
Teus medos risíveis e teus sorrisos tolos
O espelho não te serve
A roupa não te cabe
Os sapatos não combinam
Ausenta-te
esquiva-te
abaixa-te ao rés que te é dado
cala-te estúpida
não vês que nada aqui há para ti?
Chorume podre e inútil é o que de ti escorre
Volta ao canto imundo da rua vazia
Ao escuro de gritos
Ao colo da senhora do horror que te pari a gargalhadas
E  te sangra os olhos
Não é tua esta estrada
Não é teu este prato
Volta –te,acorrenta-te
Encolhe-te ao ferro em brasa da tua dor





ALMA



Hoje eu te queria como quem precisa de um acorde
Que corte,
que rasgue
Que arranque a dor,
que aquiete a alma
hoje eu te queria como quem mergulha fundo no silencio
no esquecimento


                    Hoje eu queria tua língua calando a minha


LÂMINA



O próximo gole

A próxima ponta

A próxima esquina escura


A chuva que corta

A carne exposta

Morta

Rasgada em rios no asfalto de

ricos tilintares dos brindes dados

entre os risos dos caros brilhos roubados


Os olhos esbugalhados da dor

Deitados


Mata!


Mata!


Mata!

                    A lâmina fina

                         tua

                        minha.