quarta-feira, 28 de novembro de 2012

BALADA DO DESESPERO


Que patética figura  a tua
Exposta nua ao motejo alheio
qual bêbado trôpego ladeira acima

Ridículos ares te cercam a distribuir sorrisos,
em gentilezas febris à multidão em festa

Pobre pedaço de carne sem valor a implorar os gozos negados
Esfrega-te vagabunda à lama putrefata das vontades,
 às portas cerradas da beleza.

Vai-te aos infernos que te agradam as entranhas
que em vísceras  explodes
Risível espectro sem porto,
 Imunda criatura a delirar pureza.

 Não há piedade para ti,
Não há mãos ou colos
Nada há aqui para ti
Alma infante vagando
 em órbitas vazadas

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw7lX6DD1h47MnfJtpr5EsoPgNQfj4BRoxWRjoco_kyiiObYAjheg0eBgzBaZL8-1HhEHWz-ftjV_UxPatGcmT_-hcs1BmI7jvehx8vusj2HyLiitEbnDqnrnJ4B5svgHT9W032epaKnyr/s1600/chuva.jpg



terça-feira, 27 de novembro de 2012

FATUM



As vezes,quando o silêncio se achega,ouço ao longe as luzes do tempo em que era.
Sigo lenta seus passos afoitos,... quem sabe me alcança tua mão gentil?
Brinco com as pedrinhas brancas que guardei na beira do rio.
Abro minha caixinha de sonhos e,cuidadosamente,limpo cada um deles.
Depois  guardo-os novamente...quem sabe me acha teu desejo meigo?
Bebo a água fresca que verte solene do começo,
bato com meus pés nas poças,formando gotas de sons de sino,
todas brilhantes feito o ouro...quem sabe no escuro me enxergues?
Sento-me á sombra da árvore que antes estava  e num vento de chuva
 adormeço abraçada ao cheiro do teu ventre molhado.

 http://www.recadoseglitters.com/recados-orkut/fadas/orkut_4351.jpg


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

LASTRO



Trago na alma que me escapa em fendas,
todas as janelas ,todas as portas.

Trago nas mãos que me parem calos,
todos os vazios.



 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtxmgnAWTn2h2hkVMXrcigLExIzKPJZriV0X1Z_q8_vh-APbxnW4HlMPLQ0lwzE_L3r4s20kFeWI_GbHicSaWAbfD9MCgOvIwDANvj0fbPLEppehKu9Pe6ARkv4lUuEv4ykuMxCvD6k3c/s1600/pobre-maos.jpg

domingo, 25 de novembro de 2012

LISTA DE PEDIDOS



Me fale das pessoas,suas cores, sotaques,risadas.
 Me conte do céu, de um cárdeo que só alí se tem,
das formas das nuvens ,dos ventos quentes.
 Me leva pro mar?Pro sol secando o sal no corpo,pra areia brincando nos pés
Porque não me contas das ruas?
Dos desenhos  das calçadas,dos barulhos dos carros
Me conte dos prédios,todos  imponentes,
da cantiga das portas com as chaves tilintando
Porque não me contas das luzes?
As que saem das janelas povoadas de vida,
as que atravessam a cidade em caleidoscópios  que abençoam,
que refletem,
que tonteiam.
Me leva pro passado.
Os casarios antigos,as vielas,
As moças bonitas de boca pintada esperando namorado,
A chapelaria,a confeitaria,a pharmácia com PH
O grito de gol no boteco da esquina,a roda de samba.

Me leva pra dançar,adoro gafieira!
A praça,a noite,a madrugada comprida...  




 Me leva pra casa na pena de onde brota a tua palavra?

 http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2012/04/FOTO-CRISTO-REDENTOR-EM-1957.jpg


terça-feira, 13 de novembro de 2012

VOCÊ



De súbito o gelo,
O travo amargo na boca
O aperto no peito
Os olhos quentes.
De súbito o susto
O medo espalhado em cacos pela sala
A dor arremetida em trajetória reversa
O silencio em gritos de portas que batem
De súbito o vazio
Escuridão inócua de sentidos ausentes
Queda sem volta em vórtice profundo
Chuva fria que desmancha as letras.