quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sentença


Ai que neste campo, em si plantando tudo dá.
A terra é fértil e macia,
qualquer semente se enche
 com fartura,cresce a revelia
Não há esforço ou labuta,
Não há calo, nem dor
Só este campo de eterno
Doce de cheiro encravado
embrião de alegria e ardor
No corpo em planta da alma
Explodindo em vida e calor

Ai que neste campo, a terra tudo recebe,
Com olhos de fome que engole
O que em si plantando dará
Não há fartura nem falta
e se achega alguma dor
Algo vai a revelia
Algo ao esforço e ardor
Lambuzando a palma que planta
 a explosão macia
Na labuta do sol, na lida do dia.

Ai que neste campo, nem tudo a terra engole
Com fome nos olhos plantados,
Só o calo a revelia
Não há fartura e a falta
chega com fervor
Lambuzando de quem planta a palma
 da alma que sangra a dor
Da terra fértil que vivia,
A ser explosão de cor,
E que hoje é só labuta,
No olho suado da lida do dia.

Ai que neste campo, a terra seca a revelia
Não há semente nem chuva
Só labuta e sangue
 e sol e dia
Da lembrança da fartura
Só o calo de quem plantou
Da alma, da alegria,
fome, suor e dor.
Não se achega mais o cheiro,
Doce da terra macia,
Onde sem esforço no corpo fértil,
Tudo era vida e crescia
Do sal da lágrima que desce,
dos olhos cansados de por
no alto celeste a esperança
de findar o seu labor,
rasga a terra o grito
de quem de deus
se enganou
viu a terra prometida,
morreu em solo seco sem favor.
 http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/files/2012/01/06_Sertao_TiagoSantana.jpg


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