A
porta, de madeira escura e pesada, range teimosa ao esforço de abrir;
Lá
dentro, o ar de cheiros de abandono, invade os sentidos; Náusea.
Em
passos cautelosos, de barulhos de folhas secas, atravesso o pórtico em sombras
confusas;
Tapetes
gastos de veludo vermelho cobrem a escadaria de corrimão rebuscado;
Á
direita, um portal de gesso com desenhos de querubins, anuncia a grande sala;
Belos
sofás e cadeiras de espaldar alto com almofadas de brocado, enchem o cômodo com
a lembrança do farfalhar de saias de seda ,o tilintar de taças e fumaça de charutos.
Rompendo
a delicada teia do esquecimento, por entre nuvens de poeira, caminho;
O
corredor comprido e repleto de olhares, termina em portas francesas que se
abrem para enormes estantes que tocam o pé direito infinito. Milhares de livros,
em títulos doirados, povoam a alma que dorme;
Ao canto, à frente da janela de cortinas puídas,
uma grande escrivaninha de Carvalho; pena, papel e tinteiro, parecem esperar a
próxima letra;
Mais
ao lado, na parede oposta, uma lareira de pedras, uma confortável Berger, uma
pequena mesinha de pés desenhados em forma de patas de leão e repousando, ainda
aberto, com as páginas amareladas e carcomidas nas beiradas, um livro de
Drummond e uma flor.
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