terça-feira, 19 de junho de 2012

BLOG DO PEDRO MARINHO


A porta, de madeira escura e pesada, range teimosa ao esforço de abrir;
Lá dentro, o ar de cheiros de abandono, invade os sentidos; Náusea.
Em passos cautelosos, de barulhos de folhas secas, atravesso o pórtico em sombras confusas;
Tapetes gastos de veludo vermelho cobrem a escadaria de corrimão rebuscado;
Á direita, um portal de gesso com desenhos de querubins, anuncia a grande sala;
Belos sofás e cadeiras de espaldar alto com almofadas de brocado, enchem o cômodo com a lembrança do farfalhar de saias de seda ,o tilintar de taças e fumaça de charutos.
Rompendo a delicada teia do esquecimento, por entre nuvens de poeira, caminho;
O corredor comprido e repleto de olhares, termina em portas francesas que se abrem para enormes estantes que tocam o pé direito infinito. Milhares de livros, em títulos doirados, povoam a alma que dorme;
 Ao canto, à frente da janela de cortinas puídas, uma grande escrivaninha de Carvalho; pena, papel e tinteiro, parecem esperar a próxima letra;
Mais ao lado, na parede oposta, uma lareira de pedras, uma confortável Berger, uma pequena mesinha de pés desenhados em forma de patas de leão e repousando, ainda aberto, com as páginas amareladas e carcomidas nas beiradas, um livro de Drummond e uma flor.  

 http://blog.pedromarinho.com/wp-content/uploads/2012/04/catarse1.jpg

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