Crescer dói.
Abrir mão da segurança dos pensamentos mágicos que tudo
resolvem com um olhar,um desejo.Crescer dói.Mergulhar num mundo confuso,onde
bem e mal,bonito e feio,certo e errado,estão sempre de mãos dadas.Crescer é se
ver obrigado a pensar,a usar calidoscópios para ler o mundo e juntar pedaços,é ter a pele rajada pelos
arranhões provocados pelos corredores estreitos da loucura do outro,é dar conta
de seus próprios labirintos e reconhecer para que lado pende a bússola do seu
gesto,do seu verbo,da sua fome,é limpar todos os dias sua estante de pecados.
Minha terra não quer crescer,meu povo se perde entre a omissão e
a ilusão de um jardim encantado.
Minha terra arranca os próprios olhos
Pobre terra a minha,que vaga perdida,que se deita em colos vãos
Pobre povo o meu que como pássaros no ninho recebem sem
questionar o que lhes é posto bico a dentro
Onde mora a lucidez da minha gente que sem cordas se atira ao
abismo e não entende porque cai?
Em que gaiola de ouro se trancaram e agora lamentam as grades que
construíram?
Minha gente é forte e bela,é doce e guerreira.
Minha gente segue em frente de peito aberto com o vento no
rosto,o sorriso franco e o punho cerrado
Mas minha gente não sabe aonde vai,não se reconhece no espelho
Pobre gente essa minha que ainda caminha cantando para os fornos
impiedosos da crueldade delicada e brilhante
Que se queda contente à ordem dos feitores que travestidos em
príncipes, distribuem sonhos nas pontas chumbadas dos seus chicotes.
Pobre de mim
Choro o sangue derramado, o vazio do susto, a dor da solidão
esculpida na carne da alma dessa minha gente tão querida.
Choro a noite fria que agora arrebenta a porta e cobra em
lágrimas a dor imputada à inocência oferecida
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